Antes de qualquer coisa

Preciso que o tempo pare.
Alguém pode, por favor, parar o tempo?
Preciso organizar meus pensamentos, minha vida, meu coração.
Está tudo desarrumado, revirado pelas circunstâncias.

Foram tantas mudanças, uma atrás da outra, que não tomei ciência de quando tudo poderia voltar a correr normalmente.
É mais do que simplesmente retomar.
É construir, começar do zero, refazer tudo.

Eu tive peito e coragem para colocar um tijolo após o outro.
Tive força para não desistir.
Apenas não tive humildade de admitir que não seria tão simples.
E que nem tudo dá para carregar sozinha.

As pessoas te olham como se você sempre tivesse sido assim.
Te tratam dessa forma.
Apenas você sabe que teve que começar uma vida que parece que nunca foi sua.
É como assumir um papel que não foi escrito para você.
Apesar de sempre ter sonhado em interpretar essa história.

E para me esconder de mim mesma, me ocupei.
Empurrei o tempo, os pensamentos, os sentimentos.
Fui fazendo, resolvendo, mas nunca compreendendo.
Fui acolhendo, acumulando, centralizando e nunca dividindo.

Criei um esconderijo, um personagem, uma camuflagem onde ninguém pudesse me encontrar.
Onde nem eu mesma pudesse me achar.
Fui fazendo tanto, até não ter mais o que fazer.
Fui renunciando tanto, até não ter mais pelo que lutar.
Fui correndo tanto, até perder o caminho de volta.

É como se toda uma vida pregressa tivesse de ser preenchida.
É como se não houvesse existido ontem.
E se existiu, não foi suficiente para preencher essa vontade louca de viver desesperadamente.

Não é simples como parece.
Não parece ser o que é.
Não é capricho, nem teimosia.
Não é felicidade, nem tristeza.
É não saber o que fazer, nem como resolver.

Não é querer apagar o passado.
É apenas vontade de saber como escrever o futuro.
Sem rabiscar as linhas, rasgar as páginas, dispensar os personagens.
Não é querer pedir ajuda.
É aprender aceitar quando ela simplesmente vem.

Não é aprender a amar.
É saber receber amor.
Não é esquecer tudo.
É saber lembrar do que vale a pena.

Não é saber o tempo das coisas.
É entender que nem tudo tem seu tempo.
A qualquer momento pode acontecer.
A qualquer acontecimento pode ocorrer.

O importante é não correr.
Não esquecer o que deve ser lembrado.
Não sofrer antes de aprender.
Não ter pressa, antes de ter calma.
Não desistir, antes de gastar todas as tentativas.
Não ser para outro, antes de aprender a ser para você!

Fernanda Scavacini

Published in: on julho 18, 2011 at 3:26 pm  Deixe um comentário  
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Espelho

Ás vezes me sinto desnuda,
Como se minha alma não encontrasse mais barreiras.
Como se ela, afoita, saísse por aí, sem rumo, sem ponderações,
Vivendo como sempre quis viver.

Sinto mais do que vejo.
Sonho mais do que realmente acredito.
Sou mais do que achei que poderia ser.

Sou o resultado de muitas misturas,
Muitas verdades, muitas mentiras, muitas dores, poucos amores.
Sou a experiência de mim mesma,
De uma única tentativa, em várias versões e percepções.

Um gênio indomável, intratável, sem pseudônimos,
Sem máscaras, sem sombras, sem sol, brilhando por si só.
Trazendo tudo que conseguiu, deixando tudo que perdeu.

Nem melhor, nem pior.
Nem maior, nem menor.
Nem muito, nem pouco,
O suficiente para simplesmente ser.

Sou um alguém sem ninguém,
Vivendo por mim mesma,
Sendo a avareza da tristeza,
Tirando felicidade das mais remotas sensações.
Sou o medo da fraqueza,
Que nessa peleja de me levar,
Acaba me deixando, ao ver que eu vim para ficar.

Uma espécie sem estudos,
Sem distinções, características comuns.
Um ser a par.
Sem legendas, sem ressalvas, sem títulos, sem traduções.

Não preciso que me entendam.
Quero apenas que me respeitem.
Não preciso que me levem.
Quero apenas que me deixem onde encontram.

Não preciso que me digam a verdade,
Apenas me poupe das mentiras.
Não preciso que sejam bons,
Apenas não sejam piores que eu.

Fernanda Scavacini

Published in: on novembro 18, 2010 at 2:46 pm  Comments (1)  

Refúgio

Neste momento quero me esconder de tudo.
De mim mesma e
Das verdades que meus olhos insistem em jogar na minha cara!

Me esconder de meus defeitos,
Trejeitos loucos que me fazem pirar,
Perder o tempo, a noção, a percepção de quando devo parar.

Quero me esconder da vida,
Da maldita sensação de não escutar meus próprios pensamentos.
Me esconder da correria,
Da fogueira de sempre estar próximo a queimar.

Quero fugir,
Ao menos um minuto.
Um milésimo de segundo, para deixar de ser eu mesma.

Quem sabe vendo de fora não fica mais fácil.
Quem sabe vendo de fora, eu não queira estar dentro de novo.
Quem sabe vendo de fora, alguém decida entrar para me fazer companhia.

Sei de tudo que preciso ser.
Mas neste momento não queria ser nada.
Quem sabe não possa reconstruir tudo.

Colocar os tijolos onde eles devem ficar.
Construir uma parede que o vento não leve.
Uma casa que o tempo não derrube.
Uma vida, que a vida não conturbe.

Não quero ser nenhuma heroína.
Também não quero nenhum conto de fadas.
Quero ser comum,
De laços atados com a sobriedade de ser feliz.

Fernanda Scavacini

Published in: on agosto 30, 2010 at 1:28 pm  Comments (2)  

Não precisa ser perfeito. Nem melhor, nem pior. Não precisa esquecer tudo. Nem tão pouco viver de lembrança. Começe por onde se perdeu. Reaprenda da forma mais simples. Então alcance a complexidade de ser feliz!

Published in: on maio 17, 2010 at 8:39 pm  Comments (2)  

Um blog diferente

Escrever o blog é um risco eminente de ser redundante ou de falar um assunto que todos já tratam. Por isso, pensei em algo um pouco diferente. Pensei em reunir aqui, a vida das outras pessoas.

É isso mesmo, apesar de parecer bem estranho. Ao invés de falar de mim, quero falar de outras pessoas e de uma forma um pouco inusitada. Para isso vou publicar as cartas que faço, para que estas pessoas presenteiem outras.

Explicando melhor. Meus amigos sempre me pedem para escrever poesias, versos e frases, para que possam homenagear alguém. Eles também pedem palavras mais ríspidas para terminar uma relação, discutir a relação, falar sobre o que não foi vivido… Enfim! E aqui, teremos tudo isso e um pouco mais. Basta saborear!!!

Fernanda Scavacini

Published in: on maio 17, 2010 at 6:20 pm  Deixe um comentário