Espelho

Ás vezes me sinto desnuda,
Como se minha alma não encontrasse mais barreiras.
Como se ela, afoita, saísse por aí, sem rumo, sem ponderações,
Vivendo como sempre quis viver.

Sinto mais do que vejo.
Sonho mais do que realmente acredito.
Sou mais do que achei que poderia ser.

Sou o resultado de muitas misturas,
Muitas verdades, muitas mentiras, muitas dores, poucos amores.
Sou a experiência de mim mesma,
De uma única tentativa, em várias versões e percepções.

Um gênio indomável, intratável, sem pseudônimos,
Sem máscaras, sem sombras, sem sol, brilhando por si só.
Trazendo tudo que conseguiu, deixando tudo que perdeu.

Nem melhor, nem pior.
Nem maior, nem menor.
Nem muito, nem pouco,
O suficiente para simplesmente ser.

Sou um alguém sem ninguém,
Vivendo por mim mesma,
Sendo a avareza da tristeza,
Tirando felicidade das mais remotas sensações.
Sou o medo da fraqueza,
Que nessa peleja de me levar,
Acaba me deixando, ao ver que eu vim para ficar.

Uma espécie sem estudos,
Sem distinções, características comuns.
Um ser a par.
Sem legendas, sem ressalvas, sem títulos, sem traduções.

Não preciso que me entendam.
Quero apenas que me respeitem.
Não preciso que me levem.
Quero apenas que me deixem onde encontram.

Não preciso que me digam a verdade,
Apenas me poupe das mentiras.
Não preciso que sejam bons,
Apenas não sejam piores que eu.

Fernanda Scavacini

Published in: on novembro 18, 2010 at 2:46 pm  Comments (1)  

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  1. Nossa, Fê1 Que lindo. Como eu sempre digo, vc sempre me surpreende! bjo grande.


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